Desmaia a tarde. Além, pouco e pouco, no poente,
O sol, rei fatigado, em seu
leito adormece:
Uma ave canta, ao longe; o ar pesado estremece
Do
Ângelus ao soluço agoniado e plangente.
Salmos cheios de dor,
impregnados de prece,
Sobem da terra ao céu numa ascensão ardente.
E
enquanto o vento chora e o crepúsculo desce,
A ave-maria vai cantando,
tristemente.
Nest'hora, muita vez, em que fala a saudade
Pela boca
da noite e pelo som que passa,
Lausperene de amor cuja mágoa me invade,
Quisera ser o som, ser a noite, ébria e douda
De trevas, o silêncio,
esta nuvem que esvoaça,
Ou fundir-me na luz e desfazer-me toda.
(Francisca Júlia)
Nenhum comentário:
Postar um comentário